Calor

Refúgio para as noites frias

Queda da temperatura aumenta a procura por casas de acolhimento em Pelotas

Paulo Rossi -

Nos últimos dias, os termômetros chegaram a marcar 6ºC em Pelotas. Entre os mais afetados pela queda nas temperaturas, estão as pessoas sem lugar para dormir. Nas noites geladas dos meses de outono e inverno, a procura por abrigo chega a dobrar. Nessa época do ano, instituições como a Casa de Passagem e o Albergue Noturno Pelotense Adolfo Fetter intensificam o trabalho de acolhimento a essa população.

O Albergue Noturno, instituição sem fins lucrativos, acolhe em média 30 pessoas por dia. O espaço comporta até 50 e a demanda é ainda maior nos meses frios. Porém, o abrigo só pode acolher o número de necessitados que for possível alimentar. Apesar de ter as contas de água e luz mantidas pela prefeitura, a entidade depende de doações para continuar oferecendo serviços como a alimentação. No momento, não há alimentos suficientes para suprir a demanda. "Não adianta colocar gente aqui dentro e não alimentar. Quando consigo atender a todos que procuram, eu durmo bem, com a consciência tranquila", conta a assistente social Sônia Mara Soares, diretora do abrigo.

Além da janta e do café da manhã, quem se refugia no albergue conta com espaço para higiene básica. Antes de entrar no local, todos passam por revista e cadastramento. Usuários com problemas com álcool e drogas são encaminhados para os Caps da cidade. Mas, ao contrário do que se costuma pressupor, não são apenas pessoas que sofrem com o vício que recorrem ao pouso gratuito. Segundo os voluntários do albergue, problemas pessoais e desemprego também estão entre as principais motivações de quem procura acolhimento.

Jorge Costa, 53, é um desses casos. Usuário frequente do albergue, ele costumava trabalhar vendendo picolé pelas ruas da cidade. Depois de enfrentar o fim do casamento e a queda brusca nas vendas, se viu sem ter onde dormir. Durante o dia, caminha pelas ruas e à noite recorre ao abrigo. Segundo ele, o albergue é mais do que um refúgio para os dias frios. "A comida, o lugar, a convivência. É tudo muito bom. É como uma família", relata.

Já M.C., 44, tem o albergue como local de pouso há sete meses. Segundo ele, a maior batalha da vida nas ruas é o preconceito. "Quando falo que durmo em albergue, a pessoa olha como se eu fosse nada, como se fosse um lixo", desabafa. Natural de Jaguarão, ele é formado em Pedagogia e atualmente sofre os efeitos da recessão econômica. "Não está fácil arrumar emprego", conta. Nas noites geladas, o abrigo é sua única alternativa. "É uma salvação", diz.

Rondas intensificadas
A prefeitura de Pelotas também vem trabalhando em ações para diminuir o sofrimento de quem não tem um lugar para dormir nos meses frios. Nos últimos dias foram realizadas com mais frequência as chamadas rondas noturnas. Nessas ocasiões, equipes da Secretaria de Assistência Social percorrem a cidade em busca de pessoas que necessitam de abrigo.

As rondas geralmente ocorrem nas praças Coronel Pedro Osório e Cypriano Barcellos e no parque Dom Antônio Zattera, nos pontos de ônibus da rua General Osório e na frente do Hospital Universitário, locais com maior concentração de moradores de rua. As equipes, compostas por psicólogos e assistentes sociais, encaminham os necessitados para a Casa de Passagem e para o Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro Pop). No Centro Pop, desde janeiro, foram atendidas 165 pessoas.

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